Aromas do vinho


AROMAS DO VINHO BRANCO





AROMAS PRIMÁRIOS


Aromas Frutados


Maçã


O aroma a maçã apresenta-se nos vinhos de formas bastante distintas, reportando-nos às mais variedades da fruta, chegando mesmo a ser considerado defeito quando expresso por aromas de oxidação.
O aroma a maçã Golden, é frequente nos vinhos brancos jovens, tranquilos ou espumantes originários de regiões mais frias, como por exemplo do Varosa e Nave e característico da casta Chardonnay, da Malvasia Fina e Verdelho, quando instaladas neste tipo de climas.
Por outro lado o aroma a maçã Reineta, mais discreto, suava e sofisticado, mas também mais ácido manifesta preferencialmente em vinhos espumantes ou champanhes mais simples elaborados a partir das castas Pinot Menieur, nos brancos da região francesa de Chablis ou ainda nos Sauvignon Blanc de Bordeaux.
Como defeito, manifesta-se aromaticamente com nuances de fruta muito madura, antevendo problemas de sobrematuração ou oxidação do vinho branco.

As substâncias químicas responsáveis pelo aroma a maçã são: maçã verde o trans-2- hexenal para aromas a relva cortada/uva verde: cis-3-hexenol.



Ananás

O perfume exótico do ananás é um aroma primário pertencente à família frutado e presente exclusivamente nos vinhos brancos jovens.
Em Portugal este aroma manifesta-se frequentemente nos brancos provenientes das castas Arinto e Alvarinho ou até mesmo de Síria, desde que fermentados a baixas temperaturas. A casta internacional Chardonnay ou a Riesling, quando provenientes de climas frios, manifestam também este característico aroma, muitas vezes associado ao limão ou lima.
Por outro lado o aroma a ananás maduro, com aromas mais subtis, finos e elegantes são passíveis de ser encontrados em brancos mais velhos, estagiados em madeira e, associados aos exuberantes e agradáveis aromas a melão maduro.

As substâncias químicas responsáveis pelos aromas a ananás são o butirato de etilo e o butirato de isoamilo. 





Limão



O limão é um aroma que sugere frescura e limpeza, assinalando a presença de acidez dos vinhos. Presente nos vinhos brancos secos, muito frequentemente na região dos Vinhos Verdes, e outras caracterizadas por climas mais frios, é também caraterística da casta Chardonnay, quando vinificada em inox.

O aroma  a limão aparece muitas vezes associado a outras gamas aromáticas, como o tostado e torrado, frutos de polpa branca ( pêra, maçã e pêssego), frutos exóticos ( ananás, lichia e manga) e a outros citrinos (laranja, toranja e tangerina), combinadas muitas vezes com agradáveis aromas florais.
Pertencente à família dos aromas cítricos, o aroma a limão difere em muito dos outros “parentes”. As notas doces e subtis da laranja são bastante distintas das notas ácidas e amargas do limão, as notas de tangerina associadas também ao doce, encontrada frequentemente no Moscatel em tudo difere do limão ácido, mais próxima está a toranja que embora com um caráter marcadamente ácido ganha ao limão pela sua intensidade aromática.
As substâncias químicas que conferem o aroma a limão são o ácido cítrico e o citroneol.


                                
Damasco


Os aromas a damasco maduro manifestam-se em vinhos brancos secos maduros, licorosos ou resultantes da podridão nobre.
Pertencente ainda à família da videira o damasco tem uma intensidade aromática bastante elevada e diversificada, especialmente numa fase de maturação avançada.
Os aromas refletem estados de evolução avançada, pelo que as nuances que liberta, nunca serão de um fruto verde e áspero, mas sim, de doce, maduro e por vezes confitado ou compota.
Neste último caso estes aromas ressaltam nos vinhos licorosos, associados com notas florais de acácia, rosa e mel.
Frequente nos vinhos de Moscatel, Riesling, Sauternes e Gewurztraminer, desde que evoluídos.
As substância química responsável pelo aroma a damasco é a undecalactona





Marmelo

O aroma a marmelo é característico dos vinhos brancos evoluídos e frequente na casta Chenin Blanc, a partir das quais são elaborados vinhos brancos secos e espumantes, que libertam suaves fragrâncias de marmelo conjugadas com tília. Em Portugal é particularmente comum em vinhos maduros, provenientes da casta Marufo (Mourisco), fazendo lembrar notas de compota.
Presente, embora menos frequentemente em tintos e roses, esta nota aromática manifesta-se na sua plenitude nos vinhos da casta Chardonnay, que lhe confere elegância e subtileza num estado de maturação mais evoluído.
Nos vinhos elaborados com uvas resultantes de podridão nobre, as frequentes notas de marmelo aparecem muitas vezes associadas a suaves perfumes de mel, frutos secos e à elegante acácia.




Melão

Embora pouco frequente nos vinhos, o aroma a melão é extremamente fácil de identificar aquando da sua presença em vinhos brancos, logo após a fermentação, sendo considerado um aroma primário, da família dos frutos exóticos.
Pensa-se que a presença deste tipo de aromas estará intimamente relacionada com o terroir, sendo que solos argilo-calcários e climas secos e quentes potenciam a sua libertação.
Presente em vinhos brancos fermentados ou estagiados em madeira ou, em licorosos naturais como o Moscatel, evolui para nuances de compotas ou frutas cristalizadas.


Laranja Cristalizada


A nuance aromática dos citrinos, aromas primários, frutados da família dos mesmos, apresenta uma dualidade aromática muito marcante. Os aromas da casca revelam-se ásperos e agressivos, enquanto os aromas provenientes da polpa se fazem sentir de forma suave, ligeiramente ácida mas, prevalecendo aromas doces.
O aroma a laranja enquanto fruta pode ser encontrado em vinhos brancos jovens enquanto a nuance cristalizada é frequente em vinhos doces naturais, como o conhecido Moscatel, conhecido exactamente pela libertação intensa e característica desse aroma. Presente também na sua forma cristalizada, em Portos Tawny, envelhecidos.
Vinhos elaborados a partir de uvas de colheita tardia também são portadores naturais deste tipo de aromas.
A substância química responsável por estes aromas é o Nerol.



Aromas Florais



Rosas

O aroma floral de rosas, presente em grande quantidade na casta Moscatel, na região do Douro (Favaios e Alijó), ou na região de Setúbal, é sinal de elegância e complexidade, aparecendo frequentemente associado a aromas de baunilha e mel.
Além dos doces naturais, este delicado aroma também se pode manifestar nos brancos secos, elaborados com a casta Fernão Pires, ou então em tintos envelhecidos.
Embora não muito frequentemente, é bastante agradável quando nos deparamos com este subtil aroma proveniente da Cabernet Sauvignon, em vinhos envelhecidos das regiões de Bordéus ou Borgonha. Excepcionalmente em alguns Beaujolais Noveau, o aroma a rosa marca presença de uma forma elegante e complexa.
Substâncias químicas: Nerol, Rodinol, Geraniol e Linanol.



Acácia




O perfume de acácia é de uma enorme delicadeza, elegância e charme.

Presente em brancos secos, caracterizados pela elegância e subtileza, estes aromas podem também ser encontrados em vinhos meio-secos, licorosos, espumantes e tranquilos, expressando o seu potencial através das castas Chardonnay, Riesling e Chenin Blanc.

O aroma a acácia aparece frequentemente associado à toranja, quando em jovens, evoluindo para perfumes mais intensos a cera de abelha e marmelada ou, embora menos frequentemente a suaves nuances de cogumelos.




Madressilva


A fragrância a Madressilva é característica dos vinhos brancos secos muito jovens, reflexo de frescura acidez e jovialidade.
Particularmente presente na multifloral Chardonnay, não fosse esta considerada a casta mais aromática de todo o mundo, estes matizes podem ser encontrados em brancos secos, espumantes ou Champanhe, muitas vezes em associação com a delicada tília.
Em Portugal pode ser encontrada em alguns vinhos da região do Douro, Varosa, Bairrada e Estremadura.



Aromas vegetais




 "Chichi de Gato"
A nota olfativa a que vulgarmente chamamos de “chichi de gato” não é propriamente o cheiro de urina, mas sim um aroma de caráter vegetal próprio de algumas plantas e arbustos, como o buxo, a valeriana.
Detetável nos vinhos num nível de perceção bastante baixo, é característico dos vinhos brancos secos novos, podendo ser um aroma primário caraterístico de algumas castas, como a Sauvignon Blanc, ou ainda como indicador de uma fermentação incompleta. Nesta ultima situação, o aroma é acompanhado de um elevado índice de açúcar residual, com algum gás carbónico e ainda associado a um aroma de leveduras.
Normalmente este aroma é reflexo de uma vindima precoce, onde sobressaem os aromas herbáceos, no entanto, se bem desenhado, o vinho poderá libertar estes aromas de uma forma graciosa e bastante agradável, exibindo como complemento suaves nuances frutadas e vegetais.
De origem francesa, a Sauvignon Blanc encontra-e um pouco por todo o mundo desde Espanha, à Austrália, passando pela Nova Zelândia, Chile e um pouco por Portugal.
As substâncias químicas responsáveis pelo aroma a chichi de gato são: 4-metoxi-2-metil-2-mercaptobutano, sendo a substância 4-metoxi-4-metilpentano-2-ona, responsável pelo aroma a buxo

AROMAS FERMENTATIVOS


Aromas lácteos



Manteiga


O aroma a manteiga é um aroma secundário ou de fermentação, classificado na família dos lácteos, podendo ser encontrado em vinhos brancos marcados pela madeira.
É um aroma que transmite a sensação de untuosidade, de aveludado presente em vinhos brancos de qualidade, revelando alguma semelhança coma avelã.
Embora menos vulgarmente este aroma também pode ser encontrado em vinhos tintos, estagiados em madeira, embora num estado de ainda jovialidade. Resultante da fermentação maloláctica esta nuance pode manifestar-se em vinhos das castas Aragonez, Tinta Amarela, Touriga Nacional, Cabernet Franc e Merlot.
De entre as castas brancas mais propícias ao desenvolvimento desta gama aromática estão a Chardonnay e a Semillon.
A Chardonnay revela o aroma em vinhos fermentados e estagiados em barricas de carvalho e sujeitas a um contacto prolongado com determinadas estirpes de leveduras. Esta casta de origem francesa e, actualmente disseminada por todo o mundo, adquire especial importância em Portugal, e é sob o nosso clima quente e seco durante grande parte do ano, que os aromas a manteiga se revelam com maior incidência.
A Semillon, harmoniosa no seu bouquet aromático, revela-se em toda a sua exuberância libertando agradáveis aromas a manteiga, noz fresca e mel.
O aroma pode ser encontrado em vinhos brancos secos ou licorosos naturais ou ainda, provenientes de colheita tardia.



AROMAS TERCIÁRIOS/EVOLUÇÃO

 Aromas a Especiarias


Avelã


O suave perfume a avelã, é um aroma de evolução, de maturação e estágio em madeira, desenvolvendo-se preferencialmente em vinhos brancos secos evoluídos ou em doces naturais – Porto ou, em aguardentes velhas, também estas envelhecidas em madeira. Pode ser encontrado em brancos ou tintos.
A presença de madeira e o contacto com determinadas estirpes de leveduras são fundamentais para o desenvolvimento do aroma a avelã que, muito discretamente encontramos associados a suaves apontamentos de madressilva, frutos secos como a noz, o figo e a passa de ameixa, misturados com suaves notas de baunilha e cacau.
A substância química responsável por este aroma é o diacetilo.


Noz

O aroma a noz é indiscutivelmente um aroma terciário, reflexo de maturação e evolução, sendo marca olfactiva dos vinhos doces naturais maduros - Moscatéis, dos generosos, dos Portos Tawny, ou dos grandes vinhos de guarda.
Também neste caso a nota olfactiva a noz é indicadora de evolução, maturação, madeira e do contacto mais prolongado com algumas leveduras.
Aroma discreto, subtil mas, de uma elegância e simplicidade extraordinária, forma complexos bouquets, fazendo-se acompanhar de notas florais, a especiarias, amêndoa e avelã, ou até de algumas nuances de empireumatismo, expresso pelo cacau ou café, podendo manifestar-se que em vinhos brancos, quer tintos.



Aromas de Mel/Compota



Mel

O aroma a mel, indica doçura, fruta e, na maior parte dos casos sobrematuração, sendo talvez por isso que é mais frequente o seu desenvolvimento em vinhos brancos suaves e licorosos.
Quando presente em vinhos brancos secos, muito comumente no Alvarinho, é acompanhada de aromas florais, acácia, tília, giesta, conjugados em perfeita harmonia com aromas frutados como o damasco, o marmelo, a manga e os frutos secos.
A sua origem pode derivar em vinhos Sauternes, elaborados com uvas contaminadas de podridão nobre, de vinhos provenientes de colheita tardia, como o Gewurztraminer ou Eiswein (vinho de gelo), ou ainda da produção de doces generosos ou Moscatéis.





AROMAS DO VINHO TINTO






AROMAS PRIMÁRIOS


Aromas Frutados



Morango

O aroma a morango é um aroma primário, pertencente à família dos frutados, na gama dos frutos vermelhos.
Consoante o grau de maturação das uvas, as suas nuances podem ser ácidas e encontram-se especialmente nos roses, ou nos tintos jovens que fermentaram por maceração carbónica. Quando presentes nos tintos maduros as notas de morango aproximam-se das compotas, indicando um estado de maturação mais avançado.

 Em Portugal esta nota está especialmente presente nos tintos do Dão, Bairrada, Douro e Beiras, podendo também manifestar-se nos roses e espumantes da Bairrada e do Dão, ou no seu estado mais doce de compota de morango, nos vinhos do Porto.
Pode manifestar-se através de algumas castas como o Castelão, Pinot Noir, Gamay e Merlot.
É sinal de qualidade e juventude.

Cereja

O aroma a cereja é um aroma, na quase sua generalidade terciário. Pertencente à família dos frutados é nos vinhos tintos que o aroma de revela.
Como aroma terciário é indicador de boa evolução e de um estado de plena maturação dos vinhos, aparecendo muitas vezes a par com a groselha preta e a romã.
A excepção ocorre em vinhos obtidos por maceração carbónica, neste caso podemos deparar-nos com este subtil aroma em vinhos tintos jovens, exprimindo-se muitas vezes sob a forma de licor de cereja.
Pouco frequente, este aroma esta particularmente presente na casta Pinot Noir, ou então na Gamay, casta utilizada na elaboração do Beaujolais Noveau.
Quando em vinhos de elevado teor alcoólico a nuance aromática da cereja manifesta-se com maior intensidade.

Framboesa

O aroma a framboesa pode manifestar-se em vinhos tintos e roses, quando jovens.
Resultante durante o processo de fermentação por maceração carbónica, o aroma a framboesa presente em várias castas, desenvolve preferencialmente durante a fermentação intracelular, sob uma atmosférica de anidrido carbónico, das quais são extraídos os aromas presentes nas películas da uva, presenteando-nos assim com diversas substâncias voláteis, extremamente aromáticas da família frutada.
Manifestando-se essencialmente nos vinhos tintos jovens, incluindo o Beaujolais Noveau, estes aromas aparecem intimamente ligados ao aroma a banana e a rebuçado de fruta.
De entre as castas que mais frequentemente libertam estes exuberantes aromas, podemos destacar o Aragonês, nos vinhos jovens do Dão ou, da região de Rioja Alavesa sob o nome de Tinta Roriz, na casta Gamay, da qual são preferencialmente produzidos o Beaujolais noveau, do Merlot, Pinot Noir, da Cabernet Franc, do Syrah e do Cinsault.

Ameixa/Passa de Ameixa
Os aromas que evocam a ameixa podem ser encontrados nos vinhos tintos, jovens no caso da ameixa mais ou menos verde ou, vinhos evoluídos ou vinho do Porto, no caso de evocarem a passa de ameixa.

 
Quando as notas se desprendem sob a forma de fruta verde, o aroma a ameixa é bastante agradável, indicando juventude, podendo ser encontrados em vinhos elaborados a partir da casta Castelão, quando bem amadurecida sob o sol intenso do Alentejo.
Por outro lado, as notas que nos remetem para a passa de ameixa, estas estão presentes em vinhos tintos evoluídos que, na sua generalidade já atingiram o seu apogeu encontrando-se agora num estado de decrepitude, ou como sinal de oxidação ou defeito provocado por uma rolha defeituosa.
A casta Grenache é particularmente rica neste aroma, que se manifesta em associação com os aromas a laranja, pimenta e figo, notório em alguns vinhos franceses da região de Moulin-à-Vent.



Aromas florais




Violeta


O aroma floral a violeta, presente em vinhos brancos e tintos jovens, remete-nos à folha da planta, muito mais que à flor.
Libertada em quantidades muito pequenas mas, facilmente detectável, está presente nas castas Aragonez, Pinot Noir, Shiraz, Chardonnay e Viognier. O seu aroma floral de toque herbáceo aparece associada a nuances de mentol e especiarias.

A substância química responsável pelo aroma a violeta é a Betaionona.





Gerânio


O aroma característico a gerânio, tem origem durante a fermentação, resultando de uma elevada concentração de ácido sórbico, sendo que nestes casos, esta nuance aromática marcará o vinho de uma forma desagradável e persistente.
Por outro lado, o perfume de gerânio, quando presente em castas como a Moscatel, marcam de forma elegante e subtil os seus vinhos conferindo um bouquet complexo, particular e elegante, com origem nos aromas primários da própria casta. As castas Cabernet Sauvignon e a Pinot Noir também podem libertar esta nuance aromática.



Jasmim


A suave fragrância a Jasmim, pode ser detectada em vinhos brancos e tintos jovens secos, tintos maduros, bem como em doces naturais, fazendo-nos lembrar rebuçados de fruta.

Quando se exprime em tintos jovens, libertando o seu suave perfume floral, é quase sempre acompanhado de nuances de framboesa e, evoluirá acompanhando o vinho, para aromas mais intensos e de carácter animal, nomeadamente nas castas Cabernet Sauvignon, Merlot (Dão), Trincadeira, Castelão, Grenache e Carignan.




Aromas herbáceos/vegetais



Pimento

Os aromas vegetais caraterizam-se por odores a verde, folhas verdes erva cortada, ou ainda a feijão verde, pepino, pimento e ervilha.
De entre os aromas vegetais, os que fazem lembrar erva cortada, relva, são frequentemente sinal de vindimas mal elaboradas, uvas demasiado esmagadas ou não devidamente amadurecidas. Quando presentes em vinhos evoluídos anunciam decrepitude ou velhice, ainda que continuem a ser considerados aromas primários.
Caso estejam presentes nos vinhos brancos secos, poderá ser sinal de um excesso de maceração, de um excesso de contato com as grainhas na qual ocorreu uma extração excessiva dos elementos amargos e adstringentes, que são transferidos para o vinho.
No entanto, nem todos os aromas herbáceos são considerados defeitos. As notas verdes de tabaco, café verde, pimento verde, espargos, feto, hera, folha de groselha ou funcho, são notas aromáticas bastante agradáveis nos vinhos, conferindo-lhes elegância e vivacidade.
As castas Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Trincadeira libertam aromas vegetais a pimento verde bastante agradáveis, que lhe conferem vida e energia.
As substâncias químicas responsáveis por estes aromas são: cis-3-hexanol, para aromas herbáceo e, a trans-2-hexanal para aromas a maçã verde.

AROMAS SECUNDÁRIOS

Aromas Amílicos


Banana

O aroma a banana é uma nuance aromática característica dos vinhos brancos jovens, no entanto poderá estar presente em vinhos tintos jovens provenientes de fermentações recorrendo a macerações carbónicas. Com origem na substância química, acetato de isoamilo, que é libertado durante a fermentação, alguns tintos são identificados pela suave fragrância a banana, nomeadamente os Beaujolais, muito típicos nesta região francesa.
As castas mais utilizadas neste tipo de fermentação e que carregam consigo o perfume a banana são: Jaen, Aragonês, Gamay, Merlot, Grenache e Shyraz.
A presença nos vinhos brancos jovens revela vinhos ainda de tenra idade e neste caso também considerado aroma secundário, resultante da libertação da referida substância – acetato de isoamilo- libertado durante o processo fermentativo.





AROMAS TERCIÁRIOS OU DE EVOLUÇÃO


AROMAS FRUTADOS


Figo




O aroma a figo é um perfume característico dos vinhos tintos bastante evoluídos, estruturados e bastante equilibrados, indicando a presença de um grande vinho, ou em vinhos ligeiramente mais jovens, no caso dos Porto e Moscatéis.

Resultantes na sua maioria, do envelhecimento em madeira e reflexo de oxidação, são acompanhados por aromas a passa de ameixa, frutos secos e café, este último no caso dos Porto.

É portanto um aroma terciário que confere elegância e classe aos seus vinhos.

Em Portugal pode ser encontrado nos vinhos licorosos de Lagoa – Algarve, elaborados a partir da casta Síria, ou então a nível internacional nos conhecidos Sauternes, Tokay ou os Alsacianos resultantes de podridão nobre.






AROMAS A ESPECIARIAS



Canela

O aroma a canela pode apresentar-se como um aroma primário caraterístico de determinadas castas ou, mais frequentemente resultante de um elevado índice de maturação ou estágio em madeira.
Entre os vinhos, os elaborados com a casta Syrah, Merlot ou Grenache, exibem notavelmente este caráter distintivo, nos brancos os elaborados preferencialmente à base de Chenin Blanc, Riesling ou Gewurztraminer, Loureiro ou Moscatel, libertam um intenso aroma a canela.
Entre os vinhos doces e secos, elaborados a partir da casta Moscatel, podemos encontrar uma belíssima fragrância a rosas associada a canela, formando um bouquet bastante complexo de passas de fruta, gerânio, flor de laranjeira, frutos exóticos e mel.
O aroma a canela pode revelar-se nos vinhos brancos e tintos, como sinal de estágio em madeira, fruto de uma excelente evolução e sinal de elevada qualidade.


Pimenta




O aroma a pimenta, característico dos vinhos tintos, apresenta a particularidade de se poder manifestar,  tanto como um aroma primário, em castas como a Shiraz, a Cabernet Sauvignon e a Tannat, no entanto expressa-se mais vulgarmente como um aroma terciário, com origem nos processos evolutivos do vinho.

O aroma a pimenta, está curiosamente associado a castas como o Aragonez, o Cinsault ou ao Castelão da região de Setúbal. Em vinhos tintos da Bairrada, sob o calor meridional que incide sob solos de xisto, vão acentuar as notas de pimenta, acompanhadas com apontamentos de outras especiarias e frutos vermelhos.

Como aroma terciário, o aroma a pimenta está directamente relacionado com o seu estágio em madeira e consequente evolução das notas aromáticas primárias.



Baunilha


A baunilha é, tal como o caramelo, o cacau, o café e o caramelo, um aroma estreitamente relacionado com a madeira e consequentemente com o seu grau de tosta.
A vanilina, substância responsável por este aroma existe de forma natural na madeira utilizada no fabrico das barricas de madeira.
Ainda que o aroma a baunilha esteja intimamente ligado à madeira, existem algumas castas onde esse fenómeno pode ser mais intenso. Assim, castas como a Cabernet Sauvignon, a Touriga Nacional ou o Aragonez, apresentam uma maior capacidade ou aptidão em extrair essas suaves fragrâncias, permitindo-nos identificar o aroma em vinhos na quase totalidade das regiões portuguesas, desde o Douro ao Alentejo, passando pelo Dão, Estremadura e Ribatejo.
Presente também nos vinhos brancos que estagiaram ou fermentaram em contacto com a madeira e, embora muito menos frequentemente em vinhos novos, sem nenhum contacto com barricas, tendo o aroma origem nas ligninas, presentes nos engaços da uva.





                             AROMAS EMPIREUMÁTICOS




Caramelo


O aroma a caramelo, pertencente à família dos aromas empireumáticos (que sofreram processos pelo fogo), é bastante ambíguo no referente à sua presença em vinhos.
Se por um lado é uma nota extremamente agradável e indicadora de equilíbrio e evolução em vinhos doces como o Moscatel, o Porto, um Madeira, um Sauternes ou até, vinhos tintos jovens fermentados por maceração carbónica, poderá por outro lado ser indicador de decrepitude e excesso de maturação de um vinho.
Esta ultima situação ocorre quando se trata de um vinho tinto, seco, e no qual estas nuances aromáticas são muitas vezes acompanhadas por uma coloração demasiado acastanhada e/ou ligeiros aromas de oxidação.
Vinhos estagiados em madeira ainda no seu apogeu, poderão também apresentar suaves notas de caramelo, mais ou menos intensas, de acordo com o nível de tosta da barrica.

A substância química responsável pelo aroma a caramelo é o vanilato de etilo.



                                         AROMAS ANIMAIS

Couro

O aroma a couro é um aroma terciário, de origem animal, podendo adquirir nuances de caça ou pêlo de animal. Fragrâncias muito características e frequentemente utilizadas pela indústria de perfumes (Channel ou Hérmes), marcam presença em vinhos, revelando maturação e evolução.
Presente maioritariamente em vinhos tintos, faz-se muitas vezes acompanhar de notas de trufa, café e passa de ameixa.
Expressa-se geralmente em castas ricas em taninos, fortes de estrutura e personalidade. São as suas características de forte personalidade, de forte carácter e carregadas de cor (Mouvédre, Tannat, Merlot) que irão conferir capacidade de envelhecimento e maturação, marcando os vinhos com notas de couro e elegância.


Civeto






O civeto, para quem não conhece este “bichinho”, “primo” da doninha, do tourão e do zorrilho, é um mamífero muito parecido com os felinos.
O seu aroma utilizado, como já referido pela indústria da perfumaria e das peles, tem origem numa glândula situada debaixo da cauda do animal e que apresenta parecenças com a gordura.
Presente também na natureza em flores brancas como o jasmim, as moléculas de indol, civetona e escatol, revelam-se igualmente no vinho durante o seu processo de maturação.
Desenvolve-se geralmente em vinhos tintos que estiveram em contacto com as borras durante algum tempo, podendo ser encontrado em vinhos maduros do Alentejo e Douro, estruturados, complexos, rústicos e encorpados.
Este tipo de aromas pode surgir das suaves nuances a jasmim ou frutos vermelhos (primários), amadurecendo com o vinho, para apontamentos animais culminando muitas vezes em aromas de ranço, que se manifestam a partir de notas de passa de ameixa.